MUSEU LOUIS VUITTON CONTA A HISTÓRIA DAS VIAGENS
 


 

À exceção das roupas, tudo o que leva o monograma LV tem tradição de longa data. Especialista na confecção artesanal de caixas e baús, Louis Vuitton fundou sua primeira maison em 1854. Ficava no número 4, rue Neuve des Capucines, pertinho da Place Vendôme.
A evolução de seus negócios esteve sempre intimamente ligada à evolução na forma de viajar. A maison redesenhou a bagagem sempre, para adequá-la aos navios, automóveis, aviões, às expedições de colonizadores e às grandes odisséias modernas, como os ralis.
Está tudo "documentado" na casa da família em Asnières, subúrbio de Paris. Ali funcionam o primeiro ateliê (onde até hoje são feitas as encomendas especiais) e um exclusivíssimo museu da grife -- por tabela, um museu dos meios de transporte da Era Moderna e das formas de viajar.
A maioria dos objetos expostos na ala nova do museu foram colecionados por Gaston-Louis Vuitton entre 1900 e 1950. Há até peças do século XIV. Nas outras salas, fica toda a linha de bagagens.
É preciso agendar a visita para conhecer o primeiro ateliê da grife francesa de malas e acessórios, instalado na antiga casa da família em Asnières, subúrbio de Paris. Sua visita deve ser marcada com antecedência mínima de 2 dias, pelo telefone (33-1) 55-80-32-00. O endereço é fornecido somente após o agendamento.
 
 

Uma rápida amostra da evolução dos acessórios na Maison:
 
 

1854

Primeira mudança significativa: os baús de tampa convexa ganharam tampa plana, para que pudessem ser empilhados nas diligências. Eles são recobertos de um tecido impermeável, batizado de cinza Trianon. No entanto, Louis nunca relevou o cuidado com os detalhes em prol da praticidade. Os novos baús tinham divisões internas para acomodar o acervo de um viajante elegante.
 

1859

Instalação do ateliê em Asnières. Uma novidade revoluciona a casa e a viagem: a conselho do estilista Charles Frédéric Worth, Vuitton dá uma caprichada extra no interior das bagagens, instalando nelas cabides e gavetas. Nasce o guarda-roupas.
 

1867

Sempre à frente de seu tempo, Vuitton farejou a popularização das viagens em paquetes, graças a sua amizade com Emile Pereire, o fundador da Companhia Geral Transatlântica. A Maison Vuitton cria malas com dimensões compatíveis com as das cabines dos navios a vapor.
 

1869

As ferrovias espalham-se pelo mundo, levando junto os guarda-roupas Vuitton.
 

1872

Surge o revestimento bicolor, de listras.
 

1875

O colonizador do Congo, Pierre Savorgnan de Brazza, procura o ateliê Vuitton para encomendar uma série de malas de couro e zinco, resistente a poeira e umidade, além de uma mala-cama.
 

1885

Começa a internacionalização da maison. O filho de Luis, Georges, abre uma loja no coração de Londres.
É criado o famoso revestimento à damiers, que parece um tabuleiro de jogo de damas.
 

1890

Hora de melhorar a fechadura das bagagens: elas passam a ser invioláveis e individuais. Cada fechadura tem um número. No ato da compra, são arquivados os dados do cliente. Assim, em caso de perda da chave ou combinação, a maison pode refazê-la. Nessa mesma época surgem porta-costumes rígidos, bolsas de material mais maleável e pele de porco, cestos de piquenique e nécessaires equipadas com escovas de ébano e frascos de cristal. Na maioria das peças, a estrutura de madeira dá lugar a materiais mais leves. No interior, há gavetas para lingerie e chapéus, cabides para robes e vestidos.
 

1893

A virada do século é a época de ouro dos cruzeiros. Como no tempo dos paquetes, a preocupação com o espaço é fundamental. Georges estuda o desenho das cabines, lança malas que se encaixam embaixo da cama e maletas especiais para acomodar sapatos. Uma mala-secretária vira mesa, para que o viajante possa escrever a máquina.
 

1896

Responsável pela proteção da obra do pai, Georges Vuitton cria a tela-monograma, para dificultar as cópias e manter a clientela seleta.
 

1908

Em colaboração com o especialista Kellner, Geroges Vuitton concebe um desenho de carro que tenha todas as comodidades de uma "casa móvel". O bagageiro, que se parece com o porta-malas de hoje, permite que o viajante localize o que necessita sem precisar desmontar toda a mala. No rali Nova York-Paris - 20.000 km atravessando Alasca, Japão e Rússia, em condições climáticas desfavoráveis - toda a bagagem é LV.
 

1924-1925

Cruzada Negra. Oito Citroën vão de Algiers à Cidade do Cabo e a Madagascar. A bagagem é LV, resistente à poeira e umidade.
 

1925

O movimento art déco, das formas simples, puras e coloridas, seduz a Maison Vuitton. Surgem trabalhos delicadíssimos em couros raros, como a pele de foca violeta, o crocodilo marrom, a cobra verde. Gaston-Louis, filho mais velho de Georges e neto de Louis Vuitton, enobrece ainda mais a bagagem da Maison, estreitando laços com criadores do porte de Lalique, Rulance e Puiforcat.
 

1927

O desejo de voar provoca nova revolução. Em maio, quando Charles Lindbergh termina de cruzar o Oceano Atlântico, é recebido em terra firme pelo neto de Louis Vuitton, Gaston. Na viagem de volta, sua bagagem é toda LV. Marketing também sempre foi o forte da família Vuitton.
 

1931

Cruzada Amarela. No rastro de Marco Pólo, catorze veículos com quarenta homens partem das margens do Mediterrâneo para alcançar o Mar da China, enfrentando areia, frio e umidade. Com muita classe: porta-costumes, malas maleáveis marrons com detalhes de marfim e prata, malas-cama, nécessaires e mesas dobráveis de couro, tudinho da grife Vuitton.
 

1954

Para celebrar o centenário da grife, Gaston-Louis decide sair da loja de Champs-Elysées, inaugurada em 1914, para se instalar em um imóvel próprio, no número 78 bis da avenue Marceau.
 

1959

Gaston-Louis inventa um sistema que permite uitlizar a tela-monograma em bagagens de mão maleáveis. Era uma exigência do estilo de viajar que se firmou durante a nouvelle vague: fins de semana em Deauville e St. Tropez. A bolsa de mão Keepall, inventada em 1924, é adotada por Audrey Hepburn.
Daí para a frente, a gente conhece tudo...


Fonte: Obsidiana - Viagens, 2000.