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ALTA MODA
por Luca Cordova e Marília Luthya*
Lendo ou ouvindo palavras como "Alta costura", "Haute Couture" ou "AltaModa" é normal nos perguntarmos se o significado destes termos é representado mesmo por vestidos loucos e dificilmente usáveis, nem digo no dia-a-dia, mas mesmo em ocasiões especiais. Posso dizer que não é bem assim, as loucuras que desfilam nas passarelas de Paris, Milão, Londres ou Nova Iorque, mesmo não deixando de ser produtos de alta costura, não são a alma verdadeira deste jeito exclusivo e carissimo de se vestir. Muitos estilistas mandam para as passarelas exercícios de designer e costura improponíveis para a quase totalidade das mulheres. Para fazer um show ou chamar a atenção para o próprio atelier, um jeito carissimo mas também eficaz de fazer publicidade para si mesmos.
Mas é lá, no silêncio e tranqüilidade dos atelier franceses e italianos, longe das luzes, loucuras e agitação das passarelas, que está o Templo Legitimo da Alta Costura.
É lá que senhoras e senhoritas refinadas, “snobs”... e ricas chegam, atraídas feito borboletas pelo brilho dos desfiles, para encomendar vestidos exclusivos, que podem ser menos esquisitos, mas com certeza não são menos requintados, chique e luxuosos do que aquele que desfilaram indossados por lindíssimas e invejadas modelos.
É lá, nos atelier, que o estilista, depois de conversar com a cliente para decifrar os gostos e desejos dela, senta na frente de um papel branco e, com traços rápidos e precisos, dá forma as próprias ideias: o primeiro passo que levará à criação de um vestido de "Haute Couture". Criação que pode levar muitos meses, eis que um vestido de alta costura não é só um vestido exclusivo, sob medida, em único exemplar, mas é também o máximo em materiais e em trabalho, com uma procura maniacal pelo detalhe.
Depois do primeiro "risco" no papel , o estilista tem que escolher aqueles que são os três componentes de um vestido: "matéria", "forma" e "cores". Três elementos indivisíveis e fundamentais para o bom êxito desta obra-prima. Por quê? Porque cada vestido de alta costura sempre é uma obra-prima única!
Então, depois de pesquisar, decidir, procurar e achar (coisa que pode levar um bom tempo!) tecidos e também materiais para um eventual bordado ou outro detalhe que enriqueça e personalize o vestido, vem a parte de modelar, de decidir como cortar estes tecidos, para transformar a idéia do estilista, colocada em rabiscos num papel, em um vestido real. Inicia-se cortando e costurando uma primeira prova no “murim” de algodão, a fim de ver se as medidas da cliente e a modelagem estão certas. Depois, é a vez de cortar os tecidos, que da mesa da modelista passam para máquina da costureira. Outra prova espera então para a cliente e, se tudo deu certo, o vestido passa para as mãos das “cabaderas”, para a primeira parte do acabamento: o interno. Agora está na hora de começar a "enfeitar" o vestido,... montando em cima dele um drapeado com centenas de alfinetes, que será logo em seguida "presos" na mão com agulha e linha com pontinhos de costura invisíveis.... Como invisíveis têm que ser os pontos para fazer uma bainha de lenço na borda de uma cachecol de “chiffon jocado” nos ombros do vestido.... Ou talvez será a hora de bordar o tecido com missanga, canutilho, strass, cristais, ou qualquer outra coisa que o estilista entenda ser necessária para surtir o efeito desejado. E assim o vestido fica nas habilidosas mãos das bordadeiras por meses e meses, para voltar enfim na mesa das “cabaderas” para os últimos retoques. Isso porque na alta costura até prender o forro requer um trabalho impecável, que não deixe aparecer nem uma ponta de linha.
E agora ai está, o objeto do desejo de todas as mulheres: um vestido em exemplar único, super exclusivo, tremendamente chique, absurdamente caro, que cairá no corpo delas como uma luva, deixando-as, sedutoras e desejadas, centro das atenções dos homens e da inveja das mulheres!